Hidrogénio verde: empresas apostam na Península Ibérica


Depósitos de hidrogénio produzidos com painéis solares e energia eólica.

 Península Ibérica líder no hidrogénio verde

A Península Ibérica pode ser o próximo grande centro de produção de hidrogénio verde a nível mundial. Três empresas, a Madoqua (Portugal), a Copenhagen Infrastructure Partners (Dinamarca) e a Power2X (Países Baixos) vão investir na criação de uma infraestrutura de 500 MW no porto de Sines, distrito de Setúbal.

A parceria destas três empresas europeias reúne um investimento de mil milhões de euros. A expetativa é que as licenças para operação da infraestrutura sejam emitidas até ao final de 2023, com início da produção em 2025. Existe ainda a possibilidade de aumentar a produção de hidrogénio verde para um milhão de toneladas.

A infraestrutura de 500 MW de eletrolisadores deverá produzir 50.000 toneladas de hidrogénio verde e 500.000 toneladas de amoníaco verde por ano. O hidrogénio verde produzido a partir deste projeto destina-se a ser utilizado pela indústria local. Já o amoníaco verde será encaminhado para exportação a partir de Sines.

A energia exigida por um projeto desta envergadura será proveniente de instalações de energias renováveis, como parques eólicos e solares, uma área que se encontra em franco desenvolvimento em Portugal.

Segundo a pplware, “a Península Ibérica tem sido casa de inúmeros investimentos que estão a permitir transformá-la num importante ator energético. A par do caminho que tem percorrido para se tornar num centro para a produção de hidrogénio verde, esses investimentos têm também potencializado as energias renováveis, dando-lhes cada vez mais força e relevância.”

As empresas envolvidas esperam que a estrutura esteja totalmente licenciada até ao final do próximo ano, e que seja possível, nessa altura, começar a construção. A expectativa para o início da produção aponta para 2025. Além disso, em cima da mesa está a possibilidade de expandir o projeto para um milhão de toneladas de amoníaco verde.

Hidrogénio verde, uma alternativa à energia fóssil

A nível europeu, este é o quarto projeto de grande escala na Península Ibérica, que vem confirmar a liderança de Portugal e Espanha nesta matéria. É também o segundo projeto de hidrogénio verde na Península Ibérica com participação da Copenhagen Infrastructure Partners. Anteriormente, a empresa dinamarquesa tinha já investido no projeto Catalina, localizado em Aragão e Valência, Espanha. Aqui, pretendem implantar 5 GW de energias renováveis e 2 GW de catalisadores, com o apoio de empresas como a Enagás, Naturgy, Fertiberia e Vestas. Outro projeto, liderado pela Repsol, diz respeito à produção de 2 GW no norte de Espanha. E foi revelado ainda um terceiro projeto em parceria com o HyDeal Espanha, com produção de 7,4 GW de hidrogénio.

Muitos especialistas consideram que “o crescente interesse pela Península Ibérica para o estabelecimento de infraestruturas de hidrogénio verde deve-se ao potencial que Portugal e Espanha reúnem para a produção de energia solar e eólica, analisa a pplware. “Isto permite que os dois países produzam hidrogénio verde a um preço mais reduzido, comparativamente àquele que é praticado noutros países da Europa”.

 A produção de hidrogénio verde surge como alternativa à energia produzida a partir de fontes fósseis, contribuindo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e ajudando a atingir os objetivos relativos às alterações climáticas. 

A estimativa é de que, até 2023, o hidrogénio verde seja mais barato do que o gasóleo. No entanto, para atingir este objetivo, é preciso aumentar a capacidade de produção de hidrogénio, através do investimento em eletrolisadores. É também necessário aumentar a capacidade elétrica para que seja possível satisfazer a crescente procura energética.

Uma vez que a indústria que envolve o hidrogénio verde se encontra muito próximo do ponto de partida, seja em relação à produção, seja em relação à rede de distribuição, e que ambos estes fatores implicam custos muito elevados, a obtenção de uma fonte de energia estável e em quantidade deverá levará anos até estar operacional.

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