Hugo Boss vai produzir calçado em Portugal

A indústria do calçado em Portugal está melhor que nunca. Produção e exportações estão a crescer e as perspetivas apontam para um aumento ainda maior.


A indústria do calçado em Portugal, em 2020, representava 1982 empresas e um volume de negócios de 1 879 milhões de euros, segundo o Banco de Portugal. O último trimestre de 2021 foi o melhor de sempre e janeiro de 2022 registou um aumento de 15% nas exportações. Agora, a invasão da Ucrânia pode provocar ainda mais alterações no setor. Por um lado, vai causar carência de algumas matérias-primas; por outro, empresas como a Hugo Boss anunciam a intenção de mudar as suas fábricas para o país. O jornal Dinheiro Vivo dava conta de que a marca alemã vai encerrar as instalações em Scandicci, Itália, e deslocalizar a produção de calçado de senhora para Portugal.

A qualidade e design do calçado português têm boa reputação a nível internacional e são exibidos em feiras como a MICAM; em Milão. Luísa Moreira, designer de uma empresa do setor, a Last Studio, adianta ao jornal ECO que “o ‘Made in Portugal’ é valorizado pela indústria, até porque “são completamente diferentes os tempos de entrega entre comprar em Portugal e na China”, país onde o “fast fashion existe e quase todos os meses as marcas têm de introduzir produtos novos” no mercado. Felgueiras e São João da Madeira são os principais municípios produtores.

O semanário Expresso resume os 7 pontos para conhecer melhor a indústria do calçado em Portugal:

1 – A indústria portuguesa de calçado terminou 2021 com um aumento de 12% nos mercados externos (equivalente a 1,67 mil milhões de euros). No último trimestre do ano, teve o melhor desempenho de sempre nos mercados internacionais (vendas de 412 milhões de euros).

2 – A pandemia de COVID-19 causou uma quebra do consumo de calçado de 20% a nível global, ou seja, menos 4 mil milhões de pares de sapatos. No entanto, dados internacionais apontavam para uma recuperação do setor. Em janeiro de 2022, as encomendas registaram um aumento de 15% face ao ano anterior.

3 – O calçado português exportou 69 milhões de pares de calçado em 2021, sendo os principais mercados na Europa com a Alemanha (+ 28%/ 389 milhões de euros) França (+ 4,2%/ 334 milhões de euros) e Países Baixos (+16,6%/ 248 milhões de euros. A nível internacional, o destaque vai para os EUA (+15,2% /75 milhões de euros), Canadá (+ 26,7% /12 milhões de euros), China (+ 17,1% /20 milhões de euros) e Austrália (+39,8% /9 milhões de euros).

4 – Certos segmentos da indústria estão a merecer especial atenção, como o calçado de segurança (+ 16%/ 29 milhões de euros), o calçado impermeável (+56%/ 56 milhões de euros) ou o calçado em materiais têxteis (+36%/ 75 milhões de euros).

5 – A indústria portuguesa lançou recentemente uma nova campanha de promoção. A recriação de obras de artistas como Amadeo de Souza Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Afonso, Almada Negreiros, Eduardo Afonso Viana, José Malhoa, Júlio Pomar e Paula Rego dão continuidade a um enorme investimento no setor, que já equivale a 8,5 milhões de euros em 12 anos. Durante este período, registaram-se recordes de vendas, apesar de algumas quebras, um aumento de 38,7% nas exportações. 

6 – O preço médio do calçado português aumentou 24,2% desde 2009, dos 19,45 euros por par exportado (à saída da fábrica), para os 24,16 euros em 2021. O número de mercados aumentou de 120 para 170.

7 – O calçado português ganhou quota de mercado face à concorrência, apesar da pandemia. As exportações de Itália e Espanha em 2020 face a 20219 caíram 23% e 16,1%, respetivamente. A nível mundial caiu 22,5% e a nível europeu 27,5%. Já em Portugal a quebra foi de 16%.


Há outras tendências e nichos de mercado que estão a captar a atenção dos empresários do calçado. O ECO menciona, por exemplo, o caso da Kayak Storm e dos seus sapatos vela produzidos para Europa, Coreia do Sul, Japão, África do Sul e Norte de África; os tamanhos superiores a 46, feitos em pele e vendidos para os países nórdicos; e os sapatos vegan apreciada na Alemanha e na França.

Agora, a possibilidade de mão de obra especializada vinda da Ucrânia pode ajudar a indústria a dar resposta à procura crescente. Por outro lado, matérias-primas como a pele eram fornecidas pela Rússia, o que pode causar outro tipo de constrangimentos e atrasos.

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